Vazio...

Vazio...

A despeito do nada,

Meu tudo virou ilusão.

Eu, que me achava sofrida,

Envolta em minha solidão.

Não percebi que a noite tem muitas estrelas,

O céu é que as vezes nublado,

Não me deixava ver-lhes o brilho!

Descortina-se a verdade,

E o universo é o inverso do verso,

Que desencadeou minha paixão.

A dor mais doida, eu vejo sentida,

É a ausência - presença,

Paradoxal descoberta.

Silêncio sem comunhão!

A causa de minha ilusão.

Abscôndito jazigo em que se debruça minha alma.

Descansa o dolente apetrecho da morte,

Em terreno adiposo, esmo e esverdeado.

Exalando o odor de sonhos apodrecidos.

Fétidos na ânsia de incomodar,

De ser percebido e ejaculados,

Nos desterros e aterros,

Como as quase vidas jogadas na ansia do gozo.

Surgem do abismo onde habitam minha ignorância.

Os seres asquerosos do ciúme e da inveja,

Unidos pois, com intuito de me ver prostada,

Isolada no reduto da solidão.

Interferem no meu cravejar de espadas.

Mudando o sentido das palavras,

Nas letras impressas e expostas ao relento para secar...

Na ausência da luz da verdade,

Jaz no esquecimento, borras de memória.

Líquidesfeitos cristas,

Lágrimas teimosas,

Que teimam em rolar pela minha face.

Interlúdio, entre o sono e o desespero.

Lanço meu apelo.

Ouve-me a voz,

Toma raios emprestados com o sol,

E ilumina meus dias,

Com palavras ternas,

Envoltas em promessas,

Mentiras veladas numa tela em branco...

Não importa o quanto sofro,

Quero de novo ter-te meu herói,

Sem medo de transforma-lo em algoz!

Observadora
Enviado por Observadora em 18/11/2005
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