JÁ
A um segundo
nenhuma palavra me vinha,
qualquer uma do fundo,
acompanhada ou sozinha,
que trouxesse os pensamentos
que me afagam ou espinham,
cápsulas que explodem em versos
ditas na claridade das entrelinhas,
fiapos do que está imerso
no que em mim vem, vai e vinha...
De onde vem pouco se sabe,
se da natureza do dote herdado,
se da evasão do que nos invade
ou então do já declarado
naco da nossa insanidade,
se do espírito da carne
ou da carne do espírito,
o que se sabe é que toda palavra
nasce do ventre do grito...
Já que está agora fica,
palavra deitada na neve,
elucida e clarifica,
som longo ou breve...