Às vezes eu tenho
vontade de morrer
logo.
Segundos depois…
eu tenho vontade
de viver pra sempre...
e assistir o mundo todo morrer.
Levanto da cama e digo:
"Meu Deus, que merda…
o que mais agora…??"
Daí no banho faço uma
dancinha sorrindo, com
o primeiro rock'n'roll do dia.
Então eu fico querendo ajudar
alguém, qualquer pessoa... 
E quando consigo, SE consigo
penso que amo todas as pessoas
do mundo e todas as pessoas da cidade,
do bairro… da rua ...
Mesmo sabendo que todas as pessoas
do mundo na verdade são seres horríveis
pois o humano é brutal e horrível.
Mesmo não querendo
de jeito nenhum, ninguém
aqui dentro de minha casa após 
às 22h. Então, ao mesmo tempo; 
penso que somos criações curiosas
e novas, bebês diante do universo
deslumbrados-deslumbrantes... 
mais bonitos que qualquer lugar
do universo; e AMO tudo de novo.
Ao fim da tarde eu digo que vou
PARAR de escrever pra sempre... 
que escrever é um saco é uma boa merda
qu é inútil pra caralho, que é idiota e ninguém
liga …é o cacete… “Pra quem?!”, “pra quê?!”.
que essa porra perdeu a graça de hoooje…
Depois vejo que tô aqui
dizendo isso tudo por ESCRITO: vivo.
Vivo pra cacete... e que a escrita existe
a minha escrita existe… e isso é massa.
E que TÁ, eu sou foda. E que o suco de abacaxi
é foda também, e o ROCK no som é foda;
E a Maysa Matarazzo é foda e o Mozart... 
Que Jorge Mautner é um mestre na Terra
e eu tive SORTE de conhecer sua obra
foda, foda, foda, foda...
E meus amigos são foda; minha gata é foda;
Minha filha é F.O.D.A; meu teclado é foda;
minhas canetas e papeis e a cidade toda é foda;
e o meio-fio, a pintura vermelha
as pedras são foda; o calor também é...
e é o frio… e é o calor… o frio…
e é o calor, o frio… e o calor... 

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