O rei, a rolha e o rato

De vez em vez,

A lua resmungava na noite,

O silêncio se fez presente,

Ao nascer daquele mês,

No tabuleiro estavam as peças,

Na vasta sala de representação,

Cada um conhecia o seu personagem,

Cada ator, detinha sua fala,

Luz, câmera, acção...

Uns fingem, enquanto outros agem,

Há quem cala, mas, não consente,

Há quem sente, mas não cala,

Há quem mente mas não fala,

Há quem fala e mente,

É esse o cenário do enredo,

Há uns com mais sede que os outros,

Uns com mais medo,

Outros com bastante sufoco,

Uns tantos e outros poucos,

Todos eles se conhecem...

Actuam no mesmo cenário,

Escárnio, de tantos canários

Metidos a pardais,

Tantos pavões,

Metidos a sardões,

Vários entre as multidões,

Uns dizem sim e outros não,

Uns nem têm voz...

Mas, comungam nos mesmos espaços,

Resmungam, mas tem os mesmo privilegio,

Fingem olhar, fingem abraços,

Estão no mesmo colégio,

Uns aprovam, outros contra reprovam,

Frequentam as mesmas casas das leis,

Há uma mudança de vento com estranheza

Uns se camuflam e usam a esperteza,

Com despreza, pois há (in)certeza,

Certeza do vento mudar,

Causando a poeira no mar,

A corte balança, o supremo arregaça a manga,

Há uma carta fora do baralho, há renuncia,

De uma jogada contra, há uma brisa (in)constante,

Há a plateia descontente,

Que favas ateia,...

Há uma jogada para cada actor,

Há peões em cada canto,

Há cavalos e bispos em prantos,

Há o mar revolto, há sereias en(cantos),

O rei, a rolha e o rato,

Encontro de encenações,

Cada um movimentando-se ao seu vento,

Cada jogada em palco, um esboçar de sentimento,

Uns prometem sementes,

Outros com lábias só(mente),

Há os que apanham as migalhas,

E há aqueles que nem aprendem com as falhas,

O rei, a rolha e o rato,

Amigos de uns,

Ou inimigos de outros,

Quem vai tirar a rolha,

A quem a sorte calha,

O rei, a rolha e o rato,

Na jornada da nova brisa,

Será um emergir alto ou a apenas uma tempêra!?

O rei, a rolha e o rato!!

Um não se deixa apanhar,

Outro também não quer falhar,

O rei, a rolha e o rato,

Entre anseios e emoções,

Ovacionados por multidões,

Espectante de cada actos,

Uns fingem de facto,

Outros nem tanto,

O rei, a rolha e o rato,

Quem do povo será arauto!?

O rei, a rolha e o rato...

Na jornada da in(certeza),

Da promessa do pão à mesa,

Ao sussurrar, ao gemer do povo,

Quem, parará o roer do estômago,

O rei, a rolha e o rato!!

Na véspera da colheita dos ventos,

Embevecidos e ávidos de sentimentos,

Uns com tormentos, outros com lamentos,

O rei, a rolha e o rato,

Imbuídos com as cartas certas,

Cada actor, reserva a próxima cena,

Até ao subir das cortinas,

O rei, a rolha e o rato (...)

(M&M)

Daniel Miguelavez ou Merlin Magiko
Enviado por Daniel Miguelavez ou Merlin Magiko em 18/08/2021
Código do texto: T7323742
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