FIGURINOS

As pedras que atirei para o alto

— do meu bodoque estrábico —

desabam, cascalho a cascalho,

cada uma no seu dia e horário,

ao redor da vida que fiz imaginária

— pela ignorância, mal disfarçada

de princípios, e do pó que suja a cara.

Adiei. Odiei. E varri meus fantasmas

para debaixo do tapete dos retalhos

que juntei entre uma e outra farsa.

Vejo coisas translúcidas que pairam

sobre o meu corpo podre e pesado

— as carpideiras pálidas que espalham

este choro seco, sem lágrima e cachaça.

Verti males. Na areia ergui meus cenários.

Sou do breu da coxia — ali da luz apagada.