POESIA SOBRE AS DELICADEZAS
Não me interessa a poesia que louva,
muito menos a poesia flácida,
para alegrar comadres no chá da tarde,
ou para adornar panos de prato manchados.
Vulgar é seu empenho ao torcer palavras,
e violentá-las a tal ponto na frase,
que constrangidas pela pobreza de talento,
se obrigam a rimar amor e bunda mole.
Poesia covarde também é espelho do tempo,
onde se dá a feiura de uma bajulação eterna.
Que passou pela sanha das declamadoras solteiras,
e veio dar no desespero dos cretinos sem leitura,
com medo do esquecimento que a mediocridade propicia.
A juventude é o mal dos amores que queimam,
como azia pós banquete de pratos cafonas.
A velhice é o despropósito das paixões esquecidas,
com frustrações metrificadas na inveja da eternidade.
Não interessa a poesia que barganha com o mediano,
nem a louvação descabida da audiência vil.
Tivessem todos entendido as artes da fala, um dia,
morreriam mudos, entregues a tudo que já se viu.