POESIA SOBRE AS DELICADEZAS

Não me interessa a poesia que louva,

muito menos a poesia flácida,

para alegrar comadres no chá da tarde,

ou para adornar panos de prato manchados.

Vulgar é seu empenho ao torcer palavras,

e violentá-las a tal ponto na frase,

que constrangidas pela pobreza de talento,

se obrigam a rimar amor e bunda mole.

Poesia covarde também é espelho do tempo,

onde se dá a feiura de uma bajulação eterna.

Que passou pela sanha das declamadoras solteiras,

e veio dar no desespero dos cretinos sem leitura,

com medo do esquecimento que a mediocridade propicia.

A juventude é o mal dos amores que queimam,

como azia pós banquete de pratos cafonas.

A velhice é o despropósito das paixões esquecidas,

com frustrações metrificadas na inveja da eternidade.

Não interessa a poesia que barganha com o mediano,

nem a louvação descabida da audiência vil.

Tivessem todos entendido as artes da fala, um dia,

morreriam mudos, entregues a tudo que já se viu.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 10/08/2021
Reeditado em 10/08/2021
Código do texto: T7318077
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.