Imerso Nas Reticências
A canção que assassina e assusta
Para mim já não mais afeta...
Quão grande a tristeza pode ser?
Pergunta retórica.
Mas com o viés mais ingênuo possível.
Ah, a vontade de entrar na eternidade,
De mergulhar na ausência!
Domingo... Por que domingos?
Não é esta data, mas imagina se fosse.
Ah, novamente, imagina se fosse!
Que lindo usar reticências para selar o fim.
E nos devaneios suicidas vem a imagem dela.
Ela, sempre longe, sorrindo com os olhos
E me fazendo sorrir...
Ora eu a amo e ora eu a odeio.
Em suma, o mesmo.
A melodia húngara me enfeitiça
E me envenena... Com encanto e revelação.
Tampouco como meus olhos abre.
Ah, mais uma vez, a revelação!
Não há palavras para traduzir o vazio.
A melancolia é sonora e úmida:
Úmida em sofrimentos, sonora em sentimentos.
Ah, repetitivamente, se eu tivesse coragem!
E o suicídio? Ele que espere!
Estou triste demais para o encontrar.
Reticências.
E sem vontade de ouvir o que ele tem a dizer.
Meu grito, preso e solto, nunca proferido.
As valquírias chegam ao campo e eu encerro meu ensaio!
Flertar com a morte vivencia o que é vida.
Sorrio, mais uma vez, uma última vez...
Ao lembrar dela.
Procuro nas beiras minhas respostas...
O tempo segue correndo, em vão.
O olhar em fios que me encara,
As areias do tempo se suspendem no reflexo!
Já a vontade de viver... À espera de algo.
E a espera... Ah, a ridícula espera...
E os ponteiros continuam... E sem sair do lugar.
Nem mesmo o suicídio comporta mais segurança
E o tempo não fica quieto.
Um ponteiro se move! Mas não avança.
O tempo volta, acostumado.
Imerso na melancolia, imerso no amor,
Na esperança...
Fraco pelo ponto final, vivo nas reticências.
E nelas... Imerso.