II
Derreto-me na angústia de criar versos
Sempre tão sólidos
Densos, pesados, profanos
Porque, versos negros, sórdidos tombos
do ser reticente que cospe uma migalha
do barulho vasto,
fundo,
criam-se sempre sob o véu da
derrelição que me não larga as correntes
de concreto,
volúpia?
És onda, mente, mar de robustez falsa
És a dança da fuligem que circula
em eterna repetição
Esse mastro retórico, besta,
Mastro ocre, abutre cáqui,
Preto, magro mastro inerte.
Derreto-me em verborragia morta
A quem clamo? Que se não anuncia
a verbo ou máquina
Outro dispêndio.
Não se sabes só!
Estúpida. Verborrágica.
Falas o que não sente.
Ao centro enfia o umbigo e a lápide plumbea: que estupendo divã à carne fria!
Há mais nela que há na língua
amarga língua proclama o deus metálico.
Sempre tão sólidos, versos duros,
Denunciam que és tão cheia de
vacuidade rumurosa
Quanto és Nada:
Tumulto de valências pretas
Nada vale!
Que vale?
Lá, como aqui:
O incerto é coroado rei.