Olhar pro céu

Desde que o mundo é mundo sob o sol

trilham os homens ante estrelas-guias -

só o céu é seu refúgio e companhia.

Mas coração de gente segue o chão.

Coração é fogo, sangue e matéria.

O homem olha pra baixo

O homem governa a terra.

Mas quem pode reter o firmamento?

O céu de hoje

já nem é mais

o céu de ontem,

apesar de ser o mesmo céu

de sempre.

O céu é efêmero tal qual constante.

O céu não esconde segredos.

O céu escapa

por entre os dedos.

Já o mar

é mistério

profundo

É silêncio

no mundo.

O fogo é elemento humano:

destrói enquanto aquece

queima enquanto ilumina.

Calor, por espalhar-se, não norteia.

Terra, por não mover-se, não conduz.

Mar, por esconder-se, não dá luz.

Mas o céu tem marcas que facilmente dissipam-se

E cores que jamais se fixam.

Ora é claro, ora anil,

Ora pastel, ora viril,

Ora rosa, laranja,

rosazularanja...

Ora se vê estrelas,

Ora não se vê

estrelas.

Ora tem lua dourada,

Acetinada

Ora tem lua vermelha,

acinzentada.

Ora tem nuvens nutridas,

densas

carregadas.

Ora são leves

translúcidas,

enevoadas.

Lembrando-nos que Deus também se mostra em meio a céus encobertos.

O céu tem respostas

Do tempo,

Da vida,

Dos amores.

Tem mini algodoes doces

voadores

que transformam-se em baleia azul,

ou tubarão martelo.

Dissipando-se em cores:

Lilás, vermelho,

Amarelo.

E depois extinguem-se

em marinho soturno e sedutor

para renascerem em clarões de furta-cor.

Porque amanhã é sempre um outro dia

para as nuvens.

E o céu é sempre o mesmo

para todos.

Talvez por isso seja o lugar

onde Deus mora.

Jacqueline Rezende
Enviado por Jacqueline Rezende em 09/08/2021
Reeditado em 16/09/2021
Código do texto: T7317102
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