Cinzas dos dias
- Como voam as estrelas da noite?
me perguntaram as cinzas do dia.
Elas não voam, retruquei impulsivo.
- Ah, já sei! És tu que me enganas
com o pesar da saudade?
A pergunta me fez rir de mim mesmo!
Oras, saudade, exclamei já me desfazendo em sono.
- Pelas manhãs, já ausente, me desejas - e me quer por um dia inteiro para, ao fim, nem um adeus me dar?
- Não há sorte na partida, nem a certeza da despedida, talvez as estrelas da noite - só assim - retornem? Questionei, exausto.
- Mas ainda não saberei a resposta à minha pergunta sobre as estrelas da noite!
E o dia se foi, pleno aos campos e às cidades.
A mim, restou-me a espera de outro entardecer, mesmo que seja para não dizer um outro adeus.