Fogo na Catedral

Quando todas as bandeiras caírem,

Eu ainda me manterei em pé,

Não só por mim, mas pelos que assim como eu

vivenciaram em suas entranhas o racismo

Eu direi não, não, não me curvo.

Quando todos os gritos cessarem,

E tentarem a todo custo silenciar nossa voz

Eu direi não!

Eu gritarei desesperadamente: Não!

E outras vozes se levantarão.

Não porque eu gritei

Mas porque nosso grito é coletivo.

E quando eu desabar,

e o pior do mundo recair sobre mim,

sobre minhas lutas

Eu me erguerei.

Eu farei poesia e arte

Eu me derramarei em palavras,

Eu serei tinta!

E a minha arte me salvará de qualquer olhar

de incompreensão

de qualquer desilusão

Porque eu me verei em minhas palavras.

Verei versões de mim em cada canto desse mundão,

Paredes pintadas de mim.

Muros esculpidos pela minha beleza

Eu serei a cor, o ritmo e a dança.

Eu não sou a guerra,

Mesmo sabendo lutar,

Eu não inventei a dor,

Mesmo tendo o coração partido

Eu não segreguei a vida,

mas sufoquei a morte.

Eu apenas ouvi falar de amor ...

e foi por amor

que eu permaneci …