ESCRITA
Falo da sede
da palavra amiga,
de compartilhar
a fala do outro,
aquela que nos diz
a coisa certa
e que, ainda que a saibamos,
precisamos ouvir.
– Sede da palavra silenciosa.
Falo da fome
– não só do pão,
mas do alimento
que nutre a alma.
Falo do medo,
não só do escuro, dos ermos,
da violência que assombra,
mas daquele medo
que preenche
poetas e amantes.
Falo do amor
que invade todo o corpo
e enlouquece,
que deixa faminto,
sedento,
que dói, machuca,
marcando profundamente.
– Mas que impulsiona
para a vida,
fazendo-a romper
em um só ato.
Em poesia.
(In. Epifania)