VOZ DO SILÊNCIO
Escrevo, sozinho,
em meu quarto,
na quietude das horas
noturnas.
Um vento fresco
entra pela janela,
passa por mim.
Estou bem,
no silêncio de tudo.
Escrevo como quem
sente correr na veia
o pulsar de milhões
de vidas.
Se é à noite que as
perguntas se abrem,
a noite me trouxe
um instante de
iluminação.
É como uma voz
que se transubstancia
em outras vozes,
que para além dos
afazeres cotidianos
descobrem-se únicas.
Neste instante, meu
coração
vibra, pulsa
mais forte.
Sinto a vida
ao dizer “eu”
– a minha presença
a mim próprio –
na iluminação
de me ver em mim
numa espécie
de silêncio infinito,
primordial.
(In. Epifania)