Vestida de mármore
Eles condenam os teus pecados,
Como se conhecessem as tuas dores,
Não és apenas espinhos,
Antes já foste flor,
Como encruzilharam os teus caminhos,
Antes já foste amor,
Bebiam eles do teu néctar,
Nutriam-se do teu almíscar,
Hoje lançam-te na sarjeta,
Nem migalhas mereces,
Nem jogam-te gorjetas,
Teus fies fregueses,
Nobres e burgueses,
Hoje não passas de reles,
Antes ajoelhavam em teus pés,
Eras a pérola dos sonhos,
Hoje és o amargo dos vinhos,
O mal fermentado da adega,
Adjectivas de duras palavra(s)
Mas, foram eles que puseram-te nesse estado,
Depravaram tua alma,
Aliciaram teus sonhos,
Pois, o foco era apenas levar-te a cama,
Julgam-te como carne fraca,
Mas, foi a mente quem traiu primeiro,
O corpo apenas não aguentou o desespero,
Foste enganada por olhares,
Cifrões e alguns colares,
Mas hoje, eles negam as tuas dores,
Todos actos de bondade,
São multiplicado a zero,
És o mal da sociedade,
Antes aclamada, hoje condena,
Sentirão eles saudades dos teus lençóis,
A resposta será fria, teus brilhos não são de sóis,
Para o quente das tuas dores,
Mas, foi nos teus peitos que os alimentavas,
Quando ainda emanavas amores,
Em seu corpo os aquecias do frio,
Teus gemidos suportavam fedores sombrios,
Mas hoje, já não têm cios,
As pérolas já não encantam,
Teu rosto os espanta,
Já não caís na graça,
Eles têm-te na praça,
Jogando pedras,
Olhares de insinuações,
Quando antes eras as suas soluções,
À sociedade que te cria,
É sempre a mesma de te diaboliza,
As pérolas da ansiedade,
São as bolotas das dificuldades,
Pois, eles vestiram-te de mármore (...)
(M&M)