Estação do sentir
Inverno das palavras,
Verão das emoções,
Caem pequenos orvalhos e suas abstrações,
Como se molhassem os dias em ilusões
Mas é uma mera ilusão,
Antes e depois da conjunção faltou a vírgula,
A brisa parece não ser a mesma de antes,
O que parecia perto, hoje está cada vez distante,
Os corações fartaram-se do amanhã,
Matando a ideia de corpo e mente sã,
Os sentimentos lembram as dores,
No âmago, há lacunas de amores,
O encanto perdeu as suas cores,
O inverno baniu as flores,
Os ventos já não gemem verões,
Os espelhos mostram as cicatrizes das almas,
Desajustando as partículas,
Já não se doam as mesmas moléculas,
A química não se equilibra na equação,
Distam-se olhares,
Morrem-se os mares,
Presente é a negação,
Desnutridas tépalas de outono,
Razão sombria, sentir no abandono,
Acentuação da caducidade do tempo,
À espera parece ser um inferno,
Um murmurar que atordoa o profundo,
Na incerteza do nascer da primavera,
Quando a razão cria espaços em guerra(s)
Do ser, estar e do existir (...)
(M&M)