SINA II

Esvaziado o silêncio,

restabeleceu-se a rotina

na vulgaridade das horas.

Saí pela porta da frente

pra assistir a realidade

tão usada e confortável,

assim sem quê mais pra quê.

(Do ar , poluído remanso!)

Na coleira eu levava

minha dor de estimação.

Num querer sem eloqüência

aceitei de pronto a sina

sem saber se era demora,

o grau em que a dor enfrenta,

e que pele da alma agüenta.

Seria comodidade

o valor do suportável

ao me abdicar de você?

Vadio, cínico e manso,

de tocaia me espiava

o silêncio esperto e eu não.

Fiquei do lado de fora

olhando sem ver, a vista

da paisagem estragada

com o choro pendurado

bem na ponta do nariz

Eu nunca soube o que quis

dito em sentença precisa.

Um ai me desorganiza

perco a passagem e o bonde

no desejo de ir embora.

Volto a ser gente esquisita

corpo seco, alma molhada,

no fundo, você do meu lado

era tudo o que eu queria.

E aí gente ia,

sem saber pra onde ia,

bem depois do longe onde,

pra lá é que a gente ia.