Ambulatório

E porque a fila anda

a dor muda de lugar.

Vê-se dolorido esgar

nesta disforme ciranda.

Alguns sonham com chás do Oriente

que lhes dê a cura permanente,

ou, apenas, um tempo mais leniente.

Contudo, nada pedem. Pensam ser insolente.

Todos dizem: a dor é rito de passagem.

Tenha paciência, haverá uma nova miragem.

Aumente-se a dosagem.

Os crentes beijam todas as imagens;

os crédulos tomam quaisquer beberagens.

Outros, acham-se clandestinos nessas viagens.

E a fila anda. Geométrica reta de gente . . .