Mãos vazias
De mãos vazias, correste,
Negaste todo amor que me deste,
Choravam as tuas frias lágrimas,
Lá na sombra de cipreste,
Quebraste o belo relicário de rimas,
Não soubeste conservar o batom
Dos meus ardentes lábios,
Enrugaste-os , já não são macios,
E, cá dentro abriga o vazio,
A paixão já nem geme o teu cio,
Corpo gelado, coberto com a manta de frio,
Correste quase sem direcção,
Na árida estrada da ilusão,
Eu perdi-me no deserto,
Deixando pegadas de areia no coração,
De mãos vazias caminhei,
Naufragando no efêmero orgasmo do tempo,
Restabelecendo as forças,
Para não fartar-se do amanhã,
Pois, as espigas ainda endurecem meu rosto,
E o silêncio não traz aquele conforto,
Pois, minhas mãos ainda estão vazias,
E as rendas do tempo,
Não estimulam os sentimentos (...)
(M&M)