Dedicatória
Dedico ao vento meus poemas
(marcas de meus pés na poeira),
pois bem sei:
eles não têm a utilidade das ferramentas,
não têm as interrogações da filosofia,
não têm o fascínio das armas,
não têm o tom de quem conta história,
não têm o incenso das coisas sagradas,
não têm o gozo das alcovas,
não têm a urdidura dos cânones,
não têm as novidades das redes sociais,
tampouco exalam o bolor castiço dos puristas.
Finalmente (e isso lamento profundamente),
não têm a música da minha infância
que ficou lá longe, e já esqueci.