INTEMPÉRIE

Água escura abençoando

Cabeças de alfinete

Pontos quase invisíveis --

Nós na roxa intempérie

-- metais somam–se aos grifos

Elétricos da noite.

Defloramos a rua

Espectral da memória

E a outra rua, entre dedos

De esqueleto sutil.

Arbustos, mariposas

Nesse redemoinho

Que se compraz no eterno,

No recém-criado mundo

Amanhecemos turvos

Qual curvo pesadelo,

Caravana de amêndoas

Tumorais e amorais

Epidérmicas, não

Subcutâneas, estamos

Talvez mortos, não cegos

Na voragem do fim,

No afã do redemoinho --

Espectros crus e nós,

Ectoplasma ranzinza

Quando amanhece, mundo

Recém-criado em tudo,

O olho curvo do pesadelo

Revendo rastos nossos

À calçada do açougue.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 29/07/2021
Código do texto: T7310000
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