INTEMPÉRIE
Água escura abençoando
Cabeças de alfinete
Pontos quase invisíveis --
Nós na roxa intempérie
-- metais somam–se aos grifos
Elétricos da noite.
Defloramos a rua
Espectral da memória
E a outra rua, entre dedos
De esqueleto sutil.
Arbustos, mariposas
Nesse redemoinho
Que se compraz no eterno,
No recém-criado mundo
Amanhecemos turvos
Qual curvo pesadelo,
Caravana de amêndoas
Tumorais e amorais
Epidérmicas, não
Subcutâneas, estamos
Talvez mortos, não cegos
Na voragem do fim,
No afã do redemoinho --
Espectros crus e nós,
Ectoplasma ranzinza
Quando amanhece, mundo
Recém-criado em tudo,
O olho curvo do pesadelo
Revendo rastos nossos
À calçada do açougue.
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