Sou tão só mero personagem
Em um capítulo deste livro
Que tem na capa infinitos títulos
E um curioso autor desconhecido.
Livro que vem sendo escrito muito antes de mim
(pois que os textos sagrados não se findam,
metamorfose de fé...)
E sabe-se lá quando terá fim.
Por isto digo minhas falas com atenção
Para que não se perturbe a história
Imprecisão...
Mantendo ao menos íntegra
A sequência para os que ainda virão.
Poucos são os que se lembram
Desta imensa e cósmica pequenez...
Andam a fazer discursos, vociferar doutrinas
amargando o leito do tempo, avara acidez.
Já me resignei em ser apenas passageiro
(no banco do carona, nada de volante...)
Nos espaços e gretas deste planeta anônimo
E suplicante
À espera de colo de mãe, beijo de amante.
Qualquer lenitivo a esta nunca curada ferida
Da prepotência ensaiada, da argúcia fingida...
Em meu capítulo, entre as vesperas e as completas
Reflito
Enquanto em mim me escondo
Ensaios infindos nas coxias da vida...
Crédito da imagem:https://www.mediotejo.net/passe-pela-biblioteca-o-homem-em-busca-de-um-sentido-de-viktor-emil-frankl/