Solidão & Afins!

Não é sempre a primeira que para

Vai & volta sem muito esperar

São rosas caídas em pétalas,

Pétalas da vida,

Que passam & repassam como as nuvens,

Que cobrem o Sol, a noite,

As estrelas & a Lua.

Feita uma neblina escusa,

Que paira sobre a cidade

E encobre as pessoas,

Forte ou fina,

Apenas ou sentida.

Sentida a tal ponto,

Que em causa, traz & retraz,

Uma preocupação

Os espaços vazios

Teimam em se encarar

Face a face,

Voando baixo, sem um largo sorriso,

Abocanha, feito um lobo,

Em cima do rebanho.

Por não haver sentido,

Não há pratica,

Nem princípio,

Vai & volta, vai & volta.

Às vezes permanece,

Não é sempre

Não é plataforma oriunda

De um processo

É como um amigo, que vai,

Sim, como um amigo.

Amigo são muitos,

De todos os tipos,

Desses que vem & vão,

Desses que vão & não voltam

E deixam saudade.

É também como,

Como um beijo não dado,

Como um carinho não recebido,

Amarga & dura

Como que caída de cara no chão.

É estúpida

Mas às vezes, há quem goste,

Em pequenas doses,

Para doses de reflexão.

Mas é terrível,

Quando emplaca,

Feito erva daninha.

Machuca & maltrata

O corpo, o espírito.

Malfadada

É uma aspiração acabar

Com ela.

Mesmo completados

Mais um ano de caminhada

É difícil desvencilhar-se.

Por mais que o homem

Tente, acomodá-la ao seu meio,

Para ao mesmo tempo esquecê-la,

Ou sufocá-la.

Há casos, que a solidão,

Se instala,

E nem anjos, nem deuses,

A reparam.

Muitas coisas ficam escondidas,

Muitos atos não são tomados

E as poucas, que são feitas,

Não se supre a falta,

Que causa.

São pares de um olhar

Tristonho,

A ver & rever

O que passa & tenta passar,

Deixando marcas profundas,

Dores agudas

E sentimentos partidos.

Uma voz retraída

Em agonia,

Suplantada em vida

A um afago,

A uma emoção,

Sem cor ou forma,

Caminha fácil

Contra a correnteza

Tendo ou não pudor,

Exala um perfume

Inconfundível

E uma amargura,

Que se arrasta,

Arranha & demora a passar.

São passos batidos

Em estrada de terra

Com uma areia fina

A machucar os olhos,

A dizer não.

Naufragar.

Em uma seiva doce

São copos erguidos

Dos pés pelas mãos

E o querer chorar

Sem ter a vergonha,

De querer chorar.

Chorar faz bem,

Fez & fará.

Vai ser outra estória,

Que não entrará

Para a História.

Não há síntese,

Nem vernáculos,

Tão pouco também

Não terá oráculos.

Vai ser apenas

Sentida.

Sentida como que

O se ter uma pequena

Dor.

Dor que dói, & não ao mesmo tempo.

Sentida como o ar,

Que fresco vem bater

Às faces

Amainando o calor,

Mas não a dor.

Essa se fará presente

Até que por um desses

Caminhos percorridos,

Se faça a presença

De uma mulher,

Que de uma vez por todas

Expulsará, sem medo.

E tremor,

A solidão

Que tanto machuca

E dói,

Dentro & em volta

Do coração

Até nunca mais se sentir,

Só,

Sozinho,

Solidão.

Peixão89

Solidão & Afins – 1984-85-90

(faz parte do e-book “A Saga da Loba das Estepes”)

Peixão
Enviado por Peixão em 21/03/2005
Reeditado em 27/11/2009
Código do texto: T7306
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