Deserção

Hoje eu quero desertar de mim,
fazer só aquilo que estiver a fim,
quem sabe beber em algum botequim,
quem sabe me solto, começo um motim
quem sabe assim eu fujo de mim...
Hoje (e só hoje) eu não quero ser eu,
quero ser a criança que nunca cresceu;
aquela que o tempo não embruteceu,
aquela que a vida não envelheceu,
a outra “mim”, meu outro eu!
Hoje eu quero ir-me embora,
não levo relógio prá não ver a hora,
quem sabe assim tudo melhora,
e meus demônios eu boto prá fora!
Preciso ir agora, 
sem mais contratempos,
preciso de um tempo,
prá ver se me entendo,
prá ver se me aprumo,
e me rendo enfim...
Quem sabe eu aprendo
e retomo meu rumo,
quem sabe então, eu volto prá mim!