O Palhaço

Um rosto sem rosto

Desfigurado

Não é ninguém

Um sem rosto qualquer

A Luz

De repente a luz

Abrem-se os olhos

E me brilham os olhos

Um novo mundo

Uma nova visão

São as cores

Cores & a vida

Começa-se a ver, a vida,

Mais um pouco

São as narinas

O ar

Ah! Como é bom respirar o ar

Encher os pulmões

Ver & cheirar

Cheirar e ver

A boca

Agora é a boca

Pode-se abrí-la, gerar ruído,

Falar

Ver, cheirar & falar,

Falar, é falar,

Poxa, é um novo mundo,

Uma nova cara

Uma nova identidade

Não é mais um sem rosto qualquer

Não é mais um desfigurado

Ver

Cheirar

Falar

Viver & ver

Cheirar & viver

Viver & falar

Até brilhar

Sim, viver & não ficar mais parado,

Não é mais um rosto suspenso no ar.

Só falta a trilha do Egberto Gismonti.

Peixão89

Reflexos - 1984

Publicado em "O Futuro Feito Presente - primeira Antologia Poética do Grupo Ecos da Poesia - Abril/2005".

Peixão
Enviado por Peixão em 21/03/2005
Reeditado em 03/10/2011
Código do texto: T7305
Classificação de conteúdo: seguro
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