Diário de um Sonhador


Maria de Fatima Delfina de Moraes


Um menino, ainda pequenino,
olhou do alto do muro o mundo.
Podia ainda ser tudo e todos:
O rei, o príncipe, o vagabundo...

Sonhou mais alto, teceu projetos
e enfrentando caminhos incertos
abriu as asas e decidiu:
- Um dia seria rei.

E o tempo, vira mundo, passou.

Ele partiu, lutou, caiu, ergueu-se...
Venceu as guerras da fome,
do cansaço, do desânimo.

Não teve pressa, viveu de tudo.
Abriu as asas, abriu os olhos...

Conheceu todos os recantos
e desencantos dos barulhos
da cidade adormecida.

E quanto mais ele sofria, 
mais bendizia a alegria
de poder viver a vida.

Um dia pequenino, sonhou, 
partiu, cresceu, venceu...

A cidadezinha onde nasceu bem sabe, já o esqueceu.
Ah, como gostaria de um dia voltar lá!

Queria tanto mostrar que dormitando ao relento,
em passos ermos e lentos,
em meio às chuvas, ao calor, aos ventos,
de fato, tornou-se rei.
Um rei sem coroa, sem súditos, sem reinado.

Porém, hoje é rico de alma, de sonhos,
deixou para trás as feridas
que a dorida vida lhe deu.

Um dia, pequenino, sonhou...
Abriu as asas, voou...



Minha homenagem ao menino de rua que conseguiu um emprego e formou-se, hoje tem um cantinho só dele.

 
 
Maria de Fatima Delfina de Moraes
Enviado por Maria de Fatima Delfina de Moraes em 21/07/2021
Código do texto: T7304341
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