Ausências corrosivas
Fecho os olhos para ver mais profundamente
Preciso sentir com os olhos de dentro
Para poder distinguir anjos de demônios
Que andam lado a lado nas noites eternas da vida
Em cada esquina da vida deixo um pouco de mim espalhado nas pessoas, como pequenas penugens que o vento sopra
E vou tornando-me imortal
Tramas de nossos dias vazios
Derradeiros idílios oníricos
Sorrindo sinto a esperança esparramando-se dentro de mim
Não mais penso em banhar-me no teu pranto
Nem tortura- me a tua lentidão
Pensamento desarmado, desvairado
Louco e dilacerado
Marca meu descompasso alucinado
Já não choro mais
Por saber que de nós nada restou
Tua ausência corrosiva destrói-me
Meu olhar desatinado vagueia pelos porões da minha insana mente
Vai enchendo-me de medo
E jogo- me cansada
Nesse nefasto estado de emoções desenfreadas
Alma exposta ao vento forte
Vou indo sem saber onde perdi-me
A angústia em mim penetra e fere-me
Dor que cega meus olhos baços
Solidão que machuca lá dentro onde tudo se torna intenso e maior
Tua ausência corrói-me
Corro sem rumo
Sem palavras não posso calar-me
Aponto em movimento um mergulho na memória
Tenso e melancólico mergulho no passado hostil, tão presente
E aqui fico eu, sobrevivente desse pesadelo
Buscando me ater às boas lembranças
Para não sucumbir nesse mar tenebroso
Pra não morrer de tristeza
Na noite escura sem fim vago por becos tortuosos
Até perder-me dentro de mim...