Cuidado Comigo

Mesmo em casa, estando quieta ao fazer nada,

como mulher, sou desde sempre ameaçada

pela violência doméstica e familiar.

Meu pai, parceiro, filho ou irmão,

não importa a situação

acharão um motivo no ataque, para me acusar.

A violência que sofro, é bem diversificada:

será moral, se eu for caluniada

e física, se em mim puser a mão.

Quando meus bens são negados, é violência patrimonial;

já meu estupro é violência sexual,

tornando-se psicológica caso eu viva sob pressão.

Só que a minha luta, digna de vitória,

pouco a pouco está revolucionando a história.

E hoje, além de ter as leis junto a mim,

confiam na minha palavra, me dão assistência e segurança.

Cada vez mais, a esperança

diz que meu tormento está próximo do fim.

No entanto, ainda falta o fundamental:

o respeito do homem – consciência vital.

E da justiça, carece mais pressa e eficiência;

sem esquecer da sociedade

que deve repensar na verdade

não sobre mim e sim, sobre a cultura da insolência.

Saiba que eu, sinônimo de amor, de afago,

nunca mereci o ódio que em mim é despejado.

Por isso, se ver que dele não posso escapar nem gritar,

não cruze os braços, denuncie com certeza;

é seu dever, não é gentileza.

Tenha cuidado comigo, ou um crime também cometerá!