Calçadas de pedra
Sal da bruma,
Esculpindo a calçada,
De lés a lés,
Um assobio estrondoso na madrugada,
Qual passo marcar, como posicionar os pés,
Como moldar às pedras e construir sonhos,
Se os castelos estão entre os espinhos,
Revestidos com paredes da solidão,
Onde quimeras são meras abstrações da razão,
De um pensar obtuso,
Mergulhado no vento sem fuso,
Onde a mente perdeu direcção,
O barco segue sem sorte,
Partiu-se faz tempo a bússola,
As velas não têm norte,
Não há, quem o consola,
Para ser sujeito, basta que haja acção,
Uma oração subordinada a um tempo,
Escrita de momento a momentos,
Calçar uma pedra sobre as outras,
Contornando obstáculos, e fazer novas rotas,
Tantas outras silenciadas,
Por falta de equilíbrio ou convicção,
Ou até por medo seguir passo a passo,
E ser dono das pedras de seu alicerce,
Sem subjugar seus fracassos,
Mas, manter-se firme em cada vértice,
Pois, às vezes o mar é bravo,
De ondas inóspitas,
E nem sempre o silêncio dá respostas,
É preciso ousar e enfrentar,
O medo de cada rajada do vento,
E motivar-se para construir o sonho,
Porque, hoje podemos ser como as pedras,
E amanhã sermos um castelo feito delas,
Mas, que não sejamos uma estrutura oca,
Pois, se também assim formos,
Retornaremos ao vazio que nos sufoca,
E depois, desabaremos como paredes de solidão,
Presos nas masmorras de um silêncio,
E de dias sem clarão (...)
(M&M)