De amores comuns

O amor, bicho quieto e contemplativo,

Está à espera

Minha predileção, entreaberta, na janela

Minha vida no vão, e em vão

Na nossa mão, sem cautela

E é intransitivo

O amar que é foto na gaveta, tiras de papel ao chão, cartões de visita

É intuitivo e bate à porta

Bate de frente, escorregadio, rompe a aorta

E com um sorriso cínico

Começa uma tempestade interminável em copo d’água

Leva as chaves de casa e não hesita

Deixa a paz prisioneira e a esperança deixa morta.