Poesia
Ela é cheiro de livro antigo, no ar, perfume costumeiro
É dança demorada, na chuva turva, no estacionamento vazio
É água fresca, paz de estio
Um sorriso de canto, meia lua
É verdade omitida, nua e crua.
Basta apenas decifrar seu sussurro, sua prece silenciosa
Ela se mostra, aos poucos, se desnuda
Basta olhá- la de perto
E caminhar seguro
Em sua areia quente, em seu infinito de deserto
Acompanhe sem pressa o seu passo
Ela anda agitada, corpo esguio, enlevada
Faminta, revirando vísceras, devorando farrapos,
Restos de sonhos despedaçados, amontoados em papéis em branco.
Ela tem percalços, pés descalços,
Leva estrelas marinhas nos cabelos
É toda um derramar de sangue e aço
Regaço, de silêncios e de apelos.