Pela cidade

10h e eu me dei conta de olhar por cima da ponte de ferro.

Quis ter certeza se a cumieira da Antiga Casa de Detenção sentia o mesmo calor que eu.

Fui

parar

na

Camboa do Carmo.

Gente, gente, gente.

O céu azul mal teve tempo de pedir que as nuvens esfriassem o dia. Distraído por tanta gente e a v e r b o r r a g i a.

Meio-dia e eu vinha olhando o Recife como se não o visse há milênios.

Devagar.

Sem pressa.

Com a mesma saudade que tenho da infância.

Depois da pizza da Padaria Imperatriz passei por Clarice mas não lhe disse nada.

Ela estava acompanhada.

Dali, fui bater na Av. Manoel Borba. O Hotel Central agora é rosa e grená com janelas azuis.

Lembrei de Toquinho. E então de Vinicius. E de Jobim.

Tudo de uma vez só.

De repente, era Rua José de Alencar. E eu lembrando ainda das águas do Capibaribe. Da calçada de pedrinhas que a Pefeitura não usa mais.

Aí, Rua da Soledade...

E eu em pé na Conde da Boa Vista como se fosse a primeira vez.

14.VII.2017

Ana Maria de Queiroz
Enviado por Ana Maria de Queiroz em 14/07/2021
Código do texto: T7299136
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