Dos desaforos que nos incomodam
viver sem um traço de vergonha
pedir a absolvição dos pecados
numa patranha de teias de aranha
onde caem sem parar os imaculados
vê-me a chorar, sem saberes porquê
podes inventar o que quiseres
então olha, entra no meu peito e vê
a injustiça dos desaforos que proferes
e ainda assim esperarei por ti
numa qualquer verdade que doa
sem esperar uma faca que nunca pedi
num qualquer recanto sujo de Lisboa