Confesso à dor
Ah, ferrenho ardor
Desse peito não livre está
Dessas dores, lastimar
Dunas de areias do tempo
A me soterrar
Oh, vibrante galanteio desse tempo!
Ao breu desse breve
Estimar
Desistência mútua ao mundo
Que está a me engolir
E, se reinvento as partes
Das conjunturas desleais
Dos trechos dos lagos mortos
Onde abraça minh'alma
Ao longe me acalma
Seja quanto quero estar
Ou do modo que vier
As tempestes paisagens
A meus anseios segregar
Ao partir
Ah, felicidade do outro
Que brilha mais que a minha
Sorri ele, mais que eu
Será doutro legado
A felicidade do mundo todo?
Em meadas
De fios de linho
Envolvo minha dor e me prendo
Acabo-me a perceber
Arte sou
Pudera, vida, querer-me
Quiçá nas partes
Que eu nada lhe devo
Desavisar-me o medo
E deixar-me seguir.
Arte feia! Vida que tem que renascer.