Confesso à dor

Ah, ferrenho ardor

Desse peito não livre está

Dessas dores, lastimar

Dunas de areias do tempo

A me soterrar

Oh, vibrante galanteio desse tempo!

Ao breu desse breve

Estimar

Desistência mútua ao mundo

Que está a me engolir

E, se reinvento as partes

Das conjunturas desleais

Dos trechos dos lagos mortos

Onde abraça minh'alma

Ao longe me acalma

Seja quanto quero estar

Ou do modo que vier

As tempestes paisagens

A meus anseios segregar

Ao partir

Ah, felicidade do outro

Que brilha mais que a minha

Sorri ele, mais que eu

Será doutro legado

A felicidade do mundo todo?

Em meadas

De fios de linho

Envolvo minha dor e me prendo

Acabo-me a perceber

Arte sou

Pudera, vida, querer-me

Quiçá nas partes

Que eu nada lhe devo

Desavisar-me o medo

E deixar-me seguir.

Arte feia! Vida que tem que renascer.

Ligeia Amanna
Enviado por Ligeia Amanna em 11/07/2021
Código do texto: T7297490
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