HORAS DE PARTIR
Já não são horas de partir?
Senão por essa cena ingênua
Trazes a queda no olhar faminto,
E o seu após que se antecipa
No mais durar da barca ao cais,
Nesse querer detê-la.
Horas de partir, agora?
Constata a vertigem de tal gesto --
Não, nada mais a constatar
Do que virá, resgate ou penhor,
Do que será no irredimível,
Do que supondo cinza
É chama ainda
E o que era voz, no vento, jaz granito.
As lágrimas, claro, secam bem rápido
No após que não se explica,
No rastro da palavra adeus.