HORAS DE PARTIR

Já não são horas de partir?

Senão por essa cena ingênua

Trazes a queda no olhar faminto,

E o seu após que se antecipa

No mais durar da barca ao cais,

Nesse querer detê-la.

Horas de partir, agora?

Constata a vertigem de tal gesto --

Não, nada mais a constatar

Do que virá, resgate ou penhor,

Do que será no irredimível,

Do que supondo cinza

É chama ainda

E o que era voz, no vento, jaz granito.

As lágrimas, claro, secam bem rápido

No após que não se explica,

No rastro da palavra adeus.

Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 11/07/2021
Código do texto: T7297245
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