Quando então decido falar de mim
Como agora faço
Creia
Tudo o que queria era falar de você
De suas ideias, suas pequenas manias
Dos galhos esquecidos de sua árvore genealógica.
Mas sei que não posso
E você compreende...
Não tenho seu telefone
Nunca soube seu endereço
E até seu nome tenho dúvidas
Embora possamos ter todos os nomes sob o sol.
Mas ainda assim
Aceite minha incondicional preocupação
Minha mão estendida, sem aparente razão...
(a não ser vencer distâncias, substituto coração).
Aceite este meu rosto tenso,
Minha silhueta século vinte
Conversemos, pois, sobre dramas comezinhos
Sejamos um para que não morramos nenhum.
* Poema escrito em 1985
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