Garimpeiro
um coração de celofane
uma rosa com celulite
uma palavra com arrebite
uma rima fora de hora
volta e meia
dá na moça uma vontade de casar
depois esquece
que já é hora do bonde passar
há muitos murmúrios
na rua sem pressa
onde o poeta procura ouro
na vastidão das verdes matas
foi um samba que passou
o eterno sentido da vida
não foi revelado para a vítima
desabou a tempestade
esta tarde
o poeta que era de açúcar
não dissolveu
porém ficou na esquina
esperando passar a menina
que nunca mais passou
mas o doce perfume da espera
jamais o abandonou