tudo em um
o silencio se faz silencio
no coração do homem, ele
desce na calmaria dos desejos
entra no bosque de lindas clareiras
que incendeiam seus olhos, sabe-se outro,
sabe-se quietude e movimento, fogueira
mas também a água que jorra no
fogo que ainda mais cresce, sente
o pavor do sagrado, suas faces de
mil cabeças, seu rosto de mil pedaços,
os demônios se põe a cantar seus
hinos de perdição,
a terra se abre e do seu núcleo mais
escuro brota a fome de ser, a angustia
de não saber, solidão e mistério se junta
numa dança satânica, arde, pulsa, mas seus
passos aquela terra já não lhe são estranhos, o que
era dor, é ferida revelando um tempo quebrado
um espaço estilhaçado, desse encontro os violinos
sem cordas acordam a musica da vida,
sonho e vigília, o real e a fantasia se faz
um na mesma roda dos cata-ventos
aprende a dançar, a cantar, a cozinhar, a falar
com as folha das mangueiras, a levar
folhas de gigantes no passeio das formigas,
dorme acordado, acorda dormindo, tudo é agora, o futuro já
passou, não tem nome, somente a o abismo
a cantar na passarela dos gramados acesos,
torna-se outro, com outro, no outro, e todos
são a mesma morada de luz e sombra como embaixo
da copa de uma árvore frondosa, chove e faz sol,
senta, rir, sente o cheiro de todas as ervas
da vida, que lhe diz sem falar, que lhe abraça
sem tocar, ama e desama, existe sem existir
afunda e sobe, a ferida
é só uma janela para um poema original