RELÍQUIAS DO MEU TORRÃO

RELÍQUIAS DO MEU TORRÃO

Em nosso sítio tem um tanque

Que por papai foi escavado

Um umbuzeiro logo em frente

Que contempla as enchentes

Do riacho bem ao lado.

Por lá vais encontrar

Coisas de muito valor

Um velho cultivador

Na sombra do juazeiro

Que durante o ano inteiro

Ninguém sebe o que é calor.

Uma velha carroça de boi

Você vai encontrar

Com rodas quebradas e tortas

Parada bem na porta

Cansado de trabalhar.

Bonita fotografia

Para turista apreciar

Sei que você vai gostar

Da casa do meu avô.

Foi ali que ele morou

E construiu uma família

Mais dali partiu um dia

E solidão veio habitar.

Com parede de dois tijolos

Arquitetura daqueles tempos

Faz lembrar alguns momentos

Robustez de encher os olhos.

Você vai encontrar muitas raridades

Ninguém sabe na verdade

A idade que elas têm

Panela de cozer xerém

Tem pilão sem mão

Fuso de algodão

E o velho candeeiro

Lá no aceiro do terreiro

O monturo é um arquivo

Onde me encontro e revivo

Com aquelas antiguidades

Me despertam curiosidades

A cada detalhe que vejo

Naquele casarão sertanejo

Cada canto é uma saudade. Verdadeiro cartão postal

É o quarto que vovô dormia

Memórias daqueles dias

Espalhados na parede

Um armador de rede

De madeira feita à mão

Que pendura o lampião

E a rede de tear

Vi navalha de barbear

E os cordéis que ele lia

Relíquias para recordar

No quarto que vovô dormia.

Tem o penico, tem seus sapatos.

E os seus óculos de visão

Esculpido na parede do quarto

Duas oratórias para oração

Seu chapéu de estimação

Suas roupas, e o blusão.

Tem versinhos, tem poesias.

Velinhas, boné e fotografias.

Um acervo de relíquias

Fincado no sertão.

Tem a quartinha com água fria

Duas canecas para beber

As músicas que ele ouvia

Faz gosto agente ver.

Luiz Gonzaga, Rei do Baião

Aboiadores e cantoria

Luizinho Calixto fole na mão

Marinez e Abdias.

Amiraldo Patriota

Amiraldo Patriota
Enviado por Amiraldo Patriota em 02/07/2021
Código do texto: T7291063
Classificação de conteúdo: seguro