Artifício

Deparo-me com o horizonte

Quando vejo o papel em branco

Divago em imagens múltiplas

E pensamentos dispersos

Construo períodos sem data

Ideias sem nenhuma linearidade

Quantos conceitos e formas

Podem ser construídos

Quantas mensagens pode conter

Um simples papel passivo

Diante do infinito de possibilidades

Podemos viajar por todo o universo

Ainda que seja em um único verso

Ou talvez quem sabe

Naquele rabisco contido

Preso ainda no inconsciente

De um talvez quem sabe, pensamento.

Detenho-me em tanta responsabilidade

De não agredir esse puro papel

Com impuras mensagens

De inconsequentes verdades

Ou inconscientes mentiras.

Deparo-me com o horizonte

De um sol nascente

Ou às vezes, poente

Porém reluzente

Como um iminente poema

Querendo nascer.