FLORISVALDO

Foi um barulho seco

Mais alto que um silvo agudo

Menos intenso que o eco

do metal quando encontra

brutalmente o chão

Um estampido...

E, lá estava ele estatelado no chão

Olhos esbugalhados agonizando

ao olhar um céu, azul e claro,

onde não se viam nuvens e o

fulgor da primavera pairava.

Por um momento um olor suave de

madressilva invadiu a cena,

provavelmente vindo

do jardim que circundava a avenida

em contraste com o cheiro de

fumaça, cigarro e perfume barato.

No meio dessa mistura de odores

pessoas se amontoavam

em frente a cena

burburinhos, falas apressadas

selfies, faces espantadas.

Sirene estridente!

Um filete de sangue

escorria pelo asfalto

Perguntaram, ouviram

Nada sabiam

Foi tudo muito rápido

Sem grito , briga ou confusão

Florisvaldo era o nome dele, assim

dizia um vendedor doces e balas

que fazia ponto no local.

Outros comentavam que já o viram

pelos arredores, com uma mochila

velha e alguns papéis rabiscados na mão

Souberam depois, era músico, cantor

De um vilarejo do interior de Pernambuco.

Veio para a cidade grande tentar a sorte,

Tinha sonhos de ser famoso.

Cidade grande, sonhos grandiosos.

Foi notícia naquela estação

https://palavrasnotasevivencias.blogspot.com

Lia Fátima
Enviado por Lia Fátima em 27/06/2021
Reeditado em 28/06/2021
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