Desejos latentes
A festa naquele covil vampirizava-me num misto de amor, ódio e devassidão
Queria libertar-me, o desejo incontrolável de sucumbir arrastava perigosamente
Fazendo-me afundar naquele pântano profano
Naquelas carnes vorazes
Vertiginosamente sucumbiam-se meus frágeis argumentos
E eu caía, afundava-me e cedia freneticamente como loba faminta entregue à matilha
Olhares atrevidos, turvas e desalinhadas visões
Eram mãos cheias de luxúria a deslizarem-se por entre corpos cheios de volúpia
A contorcerem-se de prazer
Alucinava- me aquela devassidão
A profusão de toques eram ondas de prazer inebriante que eu assistia
E cada vez mais eu a queria
Plasmava-me o desejo
Os sentidos aguçavam-se
E despertavam em mim toda a vontade represada que tanto torturava-me
Abolia o entorno físico e aproximava-me febrilmente
Arrartando-me para a cúpida orgia que queimava meu corpo e embriagava-me a mente
Não podia eu fugir daquilo que era tão latente em mim
Aquela era eu,
Por mais que fugissse
Que tentasse esconder
Era ali que eu queria estar
Que eu nunca deixei de ir...
Ah, o desejo ...
Ele não cedia ...
Luta inglória entre a razão e a febre do desejo da carne
Meu corpo impiedosamente pedia
Era o que eu mais queria...delirava....
E assim deixava- me seduzir
E me perdia loucamente
Entregando-me cegamente aos mais loucos desejos
Satisfazendo todos os meus sonhos que eu escondia e que mais queria...
Louco querer era aquele
Delirava , ansiava tão loucamente por realizá-los
Lutava para não fazê-lo
Sempre era vencida pela volúpia e me deixava por ela levar sem força
Vencida pelo desejo do meu corpo em brasas.