Desejos latentes

A festa naquele covil vampirizava-me num misto de amor, ódio e devassidão

Queria libertar-me, o desejo incontrolável de sucumbir arrastava perigosamente

Fazendo-me afundar naquele pântano profano

Naquelas carnes vorazes

Vertiginosamente sucumbiam-se meus frágeis argumentos

E eu caía, afundava-me e cedia freneticamente como loba faminta entregue à matilha

Olhares atrevidos, turvas e desalinhadas visões

Eram mãos cheias de luxúria a deslizarem-se por entre corpos cheios de volúpia

A contorcerem-se de prazer

Alucinava- me aquela devassidão

A profusão de toques eram ondas de prazer inebriante que eu assistia

E cada vez mais eu a queria

Plasmava-me o desejo

Os sentidos aguçavam-se

E despertavam em mim toda a vontade represada que tanto torturava-me

Abolia o entorno físico e aproximava-me febrilmente

Arrartando-me para a cúpida orgia que queimava meu corpo e embriagava-me a mente

Não podia eu fugir daquilo que era tão latente em mim

Aquela era eu,

Por mais que fugissse

Que tentasse esconder

Era ali que eu queria estar

Que eu nunca deixei de ir...

Ah, o desejo ...

Ele não cedia ...

Luta inglória entre a razão e a febre do desejo da carne

Meu corpo impiedosamente pedia

Era o que eu mais queria...delirava....

E assim deixava- me seduzir

E me perdia loucamente

Entregando-me cegamente aos mais loucos desejos

Satisfazendo todos os meus sonhos que eu escondia e que mais queria...

Louco querer era aquele

Delirava , ansiava tão loucamente por realizá-los

Lutava para não fazê-lo

Sempre era vencida pela volúpia e me deixava por ela levar sem força

Vencida pelo desejo do meu corpo em brasas.

Carla Neumann
Enviado por Carla Neumann em 26/06/2021
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