DE UMA SANHA CRUEL
TERRÍVEIS DESTERROS QUE ESCORREM PELOS VÃOS
E SE VÃO OU FICAM DESTROÇAM A ALMA EM FOGO
EBULIÇÕES FRENÉTICAS RODOPIAM POR ENTRE OS CORPOS DORIDOS
VENCIDOS PELOS VENDAVAIS QUE FUSTIGAM A CARNE
POBRES ILUDIDOS PRISIONEIROS EM SEUS CASTELOS DE PEDRAS
FRIOS SONHOS QUE IMPERAM NA MADRUGADA VORAZ
DESCOLORINDO AS PORTAS QUE ACESSAM OS ESCANINHOS DA ALMA
E O MEDO REINA ABSOLUTO NA CASA QUE ABRIGA O PESADELO
PESADELO QUE TEIMA EM NÃO TER FIM
A ETERNIZAR-SE POR ENTRE TORTUOSAS BRENHAS
VAGAS LEMBRANÇAS, DEVASTADORAS MUDANÇAS, ATROZES E FEROZES GUANTES
QUEIMAM O QUE JÁ SE FINDA E PARTEM-SE EM MILHÕES DE FÚLVIOS ANÉIS DE ÓDIO
E O VENTO TRAZ O DESESPERO DO ALTO OUTEIRO
VINDO EM TENEBROSAS BORRASCAS
VENDAVAIS DILACERANTES QUE A TUDO DESTROEM
EM SUA SANHA ASSASSINA
QUE ARRANHA AS PAREDES
AMORDAÇA OS CORPOS INCAUTOS
E ELE VEM EM DISPARADA ARRASTANDO AS CORRENTES E QUEBRANDO O ENCANTO
APAGANDO AS LUZES
SEMEANDO O TERROR
ETERNIZANDO A DOR
FRIOS SONHOS QUE IMPERAM NA MADRUGADA VORAZ
DE UMA NOITE SEM FIM
NUM TEMPO QUE JAMAIS FOI PENSADO
SOMENTE VIVIDO E EM LÁGRIMAS BANHADOS