Feitiço, cristais e caldeirão
Um gato companheiro, sorrateiro
Sobre o colo à mostra
E um olhar verdadeiro, ao espelho
É assim, inicio, meio e derradeiro
Um mistério que se mostra.
Pela fresta da porta entreaberta
É luz da lua
Cheia, altiva e radiante
Que por aqui e adiante se esgueira
faceira, nua e fascinante
Não é jovem, velha, tão pouco.
Ela sequer se decifra ou define, imagine!
E não há quem consiga
Com dicionário, diálogo ou dialética
Ter a métrica exata entre o nefasto e o sublime.
Se boa, ruim, sábia ou sisuda
O gato silencioso e fiel amigo entre mundos
É quem sabe e quem sente
Que ela queria ser querida e somente.
E mostrar-se toda em mágoa, meiguice e intrepidez
E talvez sem medo e sem assombro, sob as sombras
Ser o que é e o que era
Ao menos no Era uma vez.