flores no olhar
aprendi a olhar o mundo
com a essência da existência de uma flor vir ao mundo
sem pretensão a nada ter
sem a mesquinha intenção de ter poder
sem as vaidades que mascaram
sem as teimosias mais caras de querer ter
poder simplesmente por ter
poder ter o poder do voo de uma borboleta
o poder do abrir-se ao mundo
exibindo sem a minima noção de pragmaticidade
as flores vivem sem a tragicidade comedida das rédeas,
dos alicerces nutridos pela arrogância e desvarios
elas nascem com o olhar sem sigilos
com o olhar dos maltrapilhos poetas sem esquinas, sem tetos dourados e ricos
mas poderosos com a alma pulsando em sua morada
com o poder de transfora o mundo
não só pela criticidade nem pela arrogância
mas pelo poder da boniteza de sorrir como as flores
com os pecados de sem juízo brotar
e embelezar cada palmo de chão
só assim - mulheres e homens serão flores
destilando pólens por entre os pedaços do mundo
as flores esperança em comunhão com todos os homens
e seremos de outra estirpe
de uma linhagem que não cabem em nenhum subsolo
a pulsar a vida deixando rastros penetrantes pelo mundo a fora
a olhar pra fora com o poder de uma flor que chora ao ir embora deixando suas cores e o seu perfume
em co - existência como os passarinhos
que aplaudem sua ausência com cantigas
homens com a alma das flores no olhar
a mirar a vida com o silêncio dos tempos
com a tonicidade dos jardins
regados de dentro de si
com carinho e afeto
sem mais os desertos
outrora fincados
em terrenos encharcados
pela volúpia de terrenos desertos
sem o poder das flores
de exalar sua beleza