flores no olhar

aprendi a olhar o mundo

com a essência da existência de uma flor vir ao mundo

sem pretensão a nada ter

sem a mesquinha intenção de ter poder

sem as vaidades que mascaram

sem as teimosias mais caras de querer ter

poder simplesmente por ter

poder ter o poder do voo de uma borboleta

o poder do abrir-se ao mundo

exibindo sem a minima noção de pragmaticidade

as flores vivem sem a tragicidade comedida das rédeas,

dos alicerces nutridos pela arrogância e desvarios

elas nascem com o olhar sem sigilos

com o olhar dos maltrapilhos poetas sem esquinas, sem tetos dourados e ricos

mas poderosos com a alma pulsando em sua morada

com o poder de transfora o mundo

não só pela criticidade nem pela arrogância

mas pelo poder da boniteza de sorrir como as flores

com os pecados de sem juízo brotar

e embelezar cada palmo de chão

só assim - mulheres e homens serão flores

destilando pólens por entre os pedaços do mundo

as flores esperança em comunhão com todos os homens

e seremos de outra estirpe

de uma linhagem que não cabem em nenhum subsolo

a pulsar a vida deixando rastros penetrantes pelo mundo a fora

a olhar pra fora com o poder de uma flor que chora ao ir embora deixando suas cores e o seu perfume

em co - existência como os passarinhos

que aplaudem sua ausência com cantigas

homens com a alma das flores no olhar

a mirar a vida com o silêncio dos tempos

com a tonicidade dos jardins

regados de dentro de si

com carinho e afeto

sem mais os desertos

outrora fincados

em terrenos encharcados

pela volúpia de terrenos desertos

sem o poder das flores

de exalar sua beleza

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 17/06/2021
Reeditado em 16/07/2021
Código do texto: T7281046
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