O JULGAMENTO DA ROSA
Olhe bem para dentro de si mesmo.
Não lhe concerne saber do futuro,
Sequer julgar o presente
E as pessoas que nele estão contidas.
Não lhe cabe responder
Através de outros lábios.
Enxergue apenas o que está a seu alcance,
Não lance opiniões,
Os ventos se distinguem por sua direção.
Acumule apenas recordações,
As coisas e as não coisas
Sempre contém algo de melhor.
A dor do outro somado à sua
Resulta apenas em mais dor.
Se o beijo de um lábio
Se transformasse em palavras,
O amor nos serviria de dicionário.
Reter as lágrimas salga mais os olhos.
Mesmo que não se compreenda,
Se as múltiplas razões
Forem o avesso das suas,
O amor transforma.
A mutação dos sentimentos
Chega como uma brisa de verão.
A paz que nos acalma,
O elixir da alma,
O sabor de ser feliz.
Humanizar-se é estar de frente para tudo
E ter braços suficientes para abraçar.
No fim, todos teremos o mesmo tamanho
E seremos donos do mesmo espaço.
A vida é o breve encontro da pele com o corpo,
Do coração com o espírito,
Da luz domando a escuridão.
Todos os que estão de passagem
Nesta terra semeada de gente
Não respiram em nossos julgamentos,
As palavras e pensamentos se vão.
E o tempo fica
Ensinando-nos em miligramas de amor
Que para semear rosas
Deve-se conviver com os espinhos.
Mario S.S. Andrade