um novo homem
uma alma não rir ou chora de prazer
num corpo moradia,
trancado, travado,
como pastiche e simulacros
uma alma não pode rir de verdade
num corpo tosco,
torto, tonto e ridículo!
sobrevivendo sob as rédeas de aplausos mesquinhos,
sórdidos, mórbidos, atrozes
atordoado em mim mesmo
como machos ridículos e grosseiros
como machos que se igualam aos cachorros desprezíveis e sem donos
iguais a qualquer cachorro cego e sem dentes.
homem macho igualando-me a meu cachorro que por ser macho nunca vai ser o homem que eu hoje sou:
desprovido do medo de ser amante das flores - de todas elas
aprendiz confesso e doido, louco,
embevecido com suas cores
e seus perfumes e iluminar meus caminhos
por eu deixo rastros encharcados dos gozos,
do prazer e da alegria
de viver todos os meus dias
como um homem novo
e perceber que fui enraizado sob a uma lógica perfeita
de masculinidades retrógradas pavorosas
aceitas pela demência e cegueira que impera torturando
esse mundo com a imbecilidade
de muitas mulheres e homens
que ainda seguem atados
devorando o seu delírio
das flores tornarem-se distantes
por medo e ignorância