um novo homem

uma alma não rir ou chora de prazer

num corpo moradia,

trancado, travado,

como pastiche e simulacros

uma alma não pode rir de verdade

num corpo tosco,

torto, tonto e ridículo!

sobrevivendo sob as rédeas de aplausos mesquinhos,

sórdidos, mórbidos, atrozes

atordoado em mim mesmo

como machos ridículos e grosseiros

como machos que se igualam aos cachorros desprezíveis e sem donos

iguais a qualquer cachorro cego e sem dentes.

homem macho igualando-me a meu cachorro que por ser macho nunca vai ser o homem que eu hoje sou:

desprovido do medo de ser amante das flores - de todas elas

aprendiz confesso e doido, louco,

embevecido com suas cores

e seus perfumes e iluminar meus caminhos

por eu deixo rastros encharcados dos gozos,

do prazer e da alegria

de viver todos os meus dias

como um homem novo

e perceber que fui enraizado sob a uma lógica perfeita

de masculinidades retrógradas pavorosas

aceitas pela demência e cegueira que impera torturando

esse mundo com a imbecilidade

de muitas mulheres e homens

que ainda seguem atados

devorando o seu delírio

das flores tornarem-se distantes

por medo e ignorância

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 16/06/2021
Reeditado em 16/06/2021
Código do texto: T7280206
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