DONA FRANCELINA
Uma Introdução...
Este poema é póstumo! Foi composto quando minha avó paterna, dona Francelina, veio a falecer, no dia 08 de janeiro de 1995. No dia de sua morte eu não estava em Angra dos Reis - residia em Curitiba-PR -, e não pude ir ao velório e sepultamento. Soube do acontecido por telefone. A última vez em que tive a oportunidade de estar com minha avó, tinha sido em janeiro de 1992.
Às vezes, vamos atropelando o tempo sem nos darmos conta de que precisamos parar um pouco e olhar para aquelas pessoas queridas de nossas vidas, pelo menos para notar que elas vão envelhecendo e, num dado momento, partem desta vida terrena.
Com minha avó aconteceu assim... Criança ainda, gostava de visitar sua casa e curtir toda aquela positividade nas ações simples (como é gostoso recordar de momentos que ficaram guardados em algum arquivo de minha memória, e poder revivê-los pela força da imaginação!). Crescendo - jovem, adulto -, o tempo foi ficando escasso e o cotidiano nosso de cada dia se tornando mais e mais comprometido... De repente, num telefonema, recebi a notícia de que minha avó tinha partido desta vida.
O que me ocorreu, naquele momento de tristeza, foi rabiscar estes versos que posto abaixo:
Hoje, dona Francelina, por alguma razão
Que não queremos entender, partes desta vida.
Fecham-se teus olhos, cerram-se teus lábios,
E, da tua boca, calam-se as palavras...
Enquanto teu corpo descansa num leito hospitalar;
E nós, teus filhos, choramos desconsolados.
Teus olhos, que foram testemunhas de tantas vidas,
Tantas tristezas e felicidades... tantos brilhos...
Que contribuíram para a alegria de tantas pessoas...
Hoje, entre a amarga aflição de nossa dor,
Vemos as mãos do Destino fechá-los, sem que
Possamos fazer alguma coisa, a não ser chorar.
Tuas palavras ficarão guardadas, como ficará também,
Para sempre marcado em nossas vidas, o teu afeto carinhoso
De mãe de muitos filhos, que sempre soube amparar
A cada um de nós, com o mesmo amor materno,
Com a mesma mão divina e acolhedora. Tuas palavras
Hão de nos confortar, por esta vida que continuaremos.
Teu corpo levamos - já frio, sem o calor da vida - para o seio
Da natureza que te viu nascer e serviu de inspiração
Para viver e criar tua família - o Provetá!
Sim, porque um pouco do encanto dessa praia
Existirá sempre na lembrança daqueles que, pisando
Nessas areias, puderam apreciar teu sorriso sereno.
Teu lugar é nessa Terra - nesse chão - envolvida
Pelo misterioso marulho das águas do mar.
Das ondas que se rompem à beira da praia,
Onde, muitas vezes, apreciaste, maravilhada, tal encanto.
Por esta razão, foi reservado um cantinho
Perto dos teus, para guardar teu corpo.
Choramos! Sim, choramos porque não acreditamos...
Não queremos aceitar a tua partida!
Mas temos certeza que, para além desta vida,
Haverá outra bem melhor: a eterna!
E tu a conquistaste, quando estiveste em nosso meio...
Quando por esta Terra passaste!
Tua alma, dona Francelina, esta sabemos,
Voa como um passarinho; vai em busca dos altos Céus!
Um Céu além do azul que nossos olhos miram...
A morada celestial da qual és digna!