rastros das flores
sigo os rastros de todas as flores
de todas elas !
sigo sem receios, sem medos, sem rodeios
sigo seus rastras como se degusta um poema
com a alma nua e lavada
são rastros que elas compõem
riscando os ares com a dança dos seus perfumes
dança colorida e pujante!
que me alucinam e me entorpecem
sigo todos os seus rastros viris, sutis, vivos, tenazes
capazes de me tirarem dos tronos das burrices
e das sandices do homem macho que eu era
e que até hoje me torturo
como sua luz cega,
com sua teimosa sem trégua,
bastarda e burra
que me seduze ao ledo engano
e cuspo os horrores
quando a tonicidade desse mundo bestial
me cerca e me apavora
na solidão de mim
sigo os rastros que as flores tecem
e fazem com sua ausência
- tatuagens permanentes de pura e doce boniteza
ate hoje
eu sigo os seus rastros
como um novo homem que sou
com minha virilidade escancarada
sem hostilidade
e nutrida pela força dos rastros
que as flores compõem
e irrigam o meu coração
hoje sou um homem novo, sem agressividade no olhar
mas minha iris como espelho sem retrocessos
com a alma tingida, tostada, matizada
pelos rastros das flores que me permito enveredar
e viver em pleno delírio