rastros das flores

sigo os rastros de todas as flores

de todas elas !

sigo sem receios, sem medos, sem rodeios

sigo seus rastras como se degusta um poema

com a alma nua e lavada

são rastros que elas compõem

riscando os ares com a dança dos seus perfumes

dança colorida e pujante!

que me alucinam e me entorpecem

sigo todos os seus rastros viris, sutis, vivos, tenazes

capazes de me tirarem dos tronos das burrices

e das sandices do homem macho que eu era

e que até hoje me torturo

como sua luz cega,

com sua teimosa sem trégua,

bastarda e burra

que me seduze ao ledo engano

e cuspo os horrores

quando a tonicidade desse mundo bestial

me cerca e me apavora

na solidão de mim

sigo os rastros que as flores tecem

e fazem com sua ausência

- tatuagens permanentes de pura e doce boniteza

ate hoje

eu sigo os seus rastros

como um novo homem que sou

com minha virilidade escancarada

sem hostilidade

e nutrida pela força dos rastros

que as flores compõem

e irrigam o meu coração

hoje sou um homem novo, sem agressividade no olhar

mas minha iris como espelho sem retrocessos

com a alma tingida, tostada, matizada

pelos rastros das flores que me permito enveredar

e viver em pleno delírio

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 16/06/2021
Reeditado em 16/06/2021
Código do texto: T7279912
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