menino com cheiros de flores
o menino que se esconde em mim
eu posso senti-lo brincando de pipas, brincando de gudes, de cabra cega - de picula
gosta de ver estrelas pingarem seus brilhos
em noites sem luas
esse menino mora e habita em minha alma
com os atrevimentos e ousadia
que só a poesia irradia seu efeito elementar
ah ! esse menino
anêmico e tímido, de pés descalços
mas com muita alegria,
por brincar no mato,
comer frutas trepando em árvores
esse menino reina e impera no meu olhar
olhar desse grande menino e pequeno homem que me norteia
e me direciona ao cais das minhas utopias
esse menino
esse viver menino - brincar
esse menino moleque criança arredia
só os cheiros que as flores conseguiam impulsionar de dentro da morada da minha alma - o meu coração
esse menino
esse moleque levado, calado e inadequado aos utilitarismos,
dos pragmatismos, dos cartesianismos
mas sedento de poesia e da boniteza da vida
regada com muita lealdade,legitimidade
e honestidade de menino a andar quase nu
a brincar por rios e riachos, por entre os matos
esse menino
que sente cheiro de flores
e nela se apregoa
como uma tutora de minha vida
os cheiros das flores regam esse menino
os cheiro das flores nutrem esse menino
o cheiro das flores provocam sorrisos na alma grande desse menino
como morada eterna nos cômodos do meu coração
esse menino sente e se arrepia
com os cheiros de todas as flores do mato, do campo, do regato
sentir cheiro de flores
aguça a pulsa da minha alma
com calma e serenidade
em sincronicidade varia
esse menino pulsa em mim
como pulsam as cores e texturas
como pulsam as cores e cheiros das flores arredias pelas estradas e caminhos
a me mirar olho no olho
e colhe flores do mato com cheiros e cores diferentes
e remeto a vida ao universo
a pulsar do meu eu-menino
a sentir as cores de todas as flores - de todas elas !
sem parcimônia
sem cerimônia
...e sem vergonha
esse menino que em tudo ver flores
que cura as suas dores com os poderes das flores
que brilham e cintilam os meus caminhos
pra poder de com elas me transcender dos escuros e dos muros de mim mesmo
sempre aprendiz homem - menino
que ainda vive como esse moleque-menino
com cheiro de mato e das flores
que la incendiam
a todas elas - a minha reverencia
minha penitencia
a sua liturgia de serem flores
e plasmarem em mim os seus poderes
e eu poder transcender como sobrevivente
e viver o gozo do meu existir