nasci mulher negra
perto de mim um mangue
busca respirar sonhos
não sou anéis mortos
mas busco o néctar da terra
entre maldades ao meu povo
largo o tropo ao vento
sou casca de noz
linha de fazer rede de pescar
a outra de mim grita
insiste na batalha dessa negra pele
oprimida, doída, esquecida
eu deixei os lábios do céu com cores no amanhecer da caverna de Platão
sou a lama do mangue onde brotam os aratus
não terço saberes, mas vivências
o quinto olhar de Descartes
ainda vai descobrir que existe para além do pensar
ando escondida de mim mesma
nas mãos uma dúvida faz ninho
há de se colocar roupas no tempo
não sei muito contar datas, logo a minha idade pertence aos deuses indígenas
Sim, sou Xingu e vivo na floresta do homem bom
O vento é amigo do mangue e varre o lixo
eu venço o meu caos depois da meia noite
mulheres minhas nunca dormem além da lua
preciso de sonhos para poder viver mais
a estrela sonolenta olha o mangue
ela é a senhorinha da madrugada que conta histórias
eu sou mulher negra e pertenço à lutas seculares
alumia a esperança em mim , Iansã
tua filha tem receio de enterrar a ave morta no caminho
é o bem viver a flor que acaricia o chão
perto de mim um mangue
busca respirar sonhos
não sou anéis mortos
mas busco o néctar da terra
entre maldades ao meu povo
largo o tropo ao vento
sou casca de noz
linha de fazer rede de pescar
a outra de mim grita
insiste na batalha dessa negra pele
oprimida, doída, esquecida
eu deixei os lábios do céu com cores no amanhecer da caverna de Platão
sou a lama do mangue onde brotam os aratus
não terço saberes, mas vivências
o quinto olhar de Descartes
ainda vai descobrir que existe para além do pensar
ando escondida de mim mesma
nas mãos uma dúvida faz ninho
há de se colocar roupas no tempo
não sei muito contar datas, logo a minha idade pertence aos deuses indígenas
Sim, sou Xingu e vivo na floresta do homem bom
O vento é amigo do mangue e varre o lixo
eu venço o meu caos depois da meia noite
mulheres minhas nunca dormem além da lua
preciso de sonhos para poder viver mais
a estrela sonolenta olha o mangue
ela é a senhorinha da madrugada que conta histórias
eu sou mulher negra e pertenço à lutas seculares
alumia a esperança em mim , Iansã
tua filha tem receio de enterrar a ave morta no caminho
é o bem viver a flor que acaricia o chão